Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2020

Legítima Defesa

Se adolescência ainda é superação, na década de 1980 era muito pior. Os anos 80 marcaram uma grande virada política que nos afeta até hoje. Saímos do governo Figueiredo em direção às “diretas já”, para uma decepcionante era Sarney com o insólito tabelamento de preços e a ridícula “Sunab”, para achar no final da década que o Collor caçaria algum marajá e daria o tiro certeiro na onça da inflação sequestrando o dinheiro das pessoas. O que um adolescente normal faz diante isso? UMA BANDA DE ROCK, é claro!!!!! Banda Legítima Defesa Tá bom... isso é desculpa esfarrapada. Na verdade, o adolescente não se importa com nada disso. Todo adolescente só quer é uma namorada mesmo. E como isso era difícil nos anos 80! Se você não é bonito, e como nenhum adolescente acha que é, você tem que ter um carro. Acontece que isso talvez aconteça só depois dos 18... mas aí já é velho demais. E se além de feio, é pobre, tem que ter consciência política para mudar o mundo! Esquece... isso tudo é muito complica

Fliperama

“Eu sou o cavaleiro negro. À procura de um... de-sa-fiiio!” Esse era o canto da sereia, digo, o chamado do Cavaleiro Negro que hipnotizou milhares de meninos juizforanos! Os adolescentes na era dos anos 1980, além da música de excelente qualidade que brotava nas estações de rádio, viam vicejar inovações eletrônicas com luzes, sons e brilhos que os seduziam: o Fliperama. A história de muito juizforano não pode ser contada sem antes fazer uma pausa nos botões de Cavaleiro Negro, Shark, Pac-man, Asteroides, ou mesmo numa mesa de totó. O mundo pré vídeo game exigia que o jovem saísse de casa e esvaziasse os bolsos em troca de fichas. E para isso, valia sacrificar o dinheiro do ônibus, aquele lanche que você disse que ia fazer na cantina, aquele troco que a mãe deixou com você. Valia matar aula para isso... tá bom... confesso, valia matar aula quase por qualquer coisa. O fliperama estava ali, aquele maquinário todo com seu barulho caótico no centro da cidade, em pleno Calçadão. Impossível

a Maior corrida de carrinhos de Rolimã da Terra!

Carrinho de rolimã era coisa de "moleque", assim como bolinha de gude e aquelas rodinhas de tamanhos e materiais variados que os meninos conduziam pelas ruas com arames fazendo manobras incríveis. Já vi gente ousada fazer isso com pneu de verdade! Puxar carrinho com barbante era o brinquedo mais popular. Todo menino quando nascia ganhava uma bola e um carrinho para puxar. A criatividade humana sempre consegue dar aplicações novas a velhos objetos, seja por necessidade, ou por pura diversão. Rolimã nada mais é que um rolamento de máquinas. Não se sabe quando nem onde, mas a sobra disso em alguma sucata e o espírito criativo de um legítimo moleque, deu à rolimã seu uso mais nobre: o carrinho de rolimã. E a coisa dá trabalho. O primeiro tem que ter a mão do pai, do tio, de alguém mais velho. Com certeza foi o primeiro experimento de engenharia de muita gente. Tem que ter tábuas, serra, tem que ter pregos e martelo, e o rolimã. Para se atingir o nível da arte, o piloto mirim te

CLiMa DoiDo

Se tem uma coisa juizforana, é dizer que em um mesmo dia temos as quatro estações. Por isso, não se pode discutir clima com juizforanos. Somos especialistas em errar previsões. Corre uma certeza entre nós, que nossa cidade amanhece no inverno, segue na primavera até às dez, e já no meio dia até as cinco temos o clima tórrido do verão. Mas as chuvas que marcam o outono chegam no fim da tarde e com sorte, se não tiver pernilongos dividindo a sua cama, pode ser que esfrie. O juizforano precavido tem um kit de sobrevivência na mochila: uma garrafinha d’água caso faça calor; um guarda-chuva caso chova; uma blusa caso esfrie; e um antialérgico caso a poeira levante. Se a profecia se cumprir, você precisará de tudo isso no mesmo dia. Mesmo que aqui não seja a Amazônia, em todo verão o juizforano diz que nunca fez tanto calor. Se existe o aquecimento global, o lugar de senti-lo é aqui. E para isso, o remédio é ir para o Calçadão reclamar do calor procurando por alguma modernidade que tenha su

Professor Toledo

“Quem foi aluno do Professor Toledo nunca esquece!”. Essa é uma das verdades do mundo. Minha vida esbarrou no Professor Toledo no ano de 1984, numa oitava série do primeiro grau, no Colégio Machado Sobrinho. Um homem de média estatura, grisalho, rosto limpo, espinha ereta, um discreto blazer. Passaria despercebido em qualquer lugar por sua suavidade e boa educação. Mas, na sala de aula, um GIGANTE. Foto cedida pela família Ao seu pisar em sala, eu e toda aquela turba de adolescentes nos posicionávamos de pé e para frente. Fazíamos o sinal da cruz e rezávamos em voz alta e respeitosamente: "Ave Maria cheia de graça, O Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém. No exato momento da última sílaba, a sala era preenchida com um silêncio arrebatador. Era como se fôssemos lançados num templo, num ambiente sagrado. Nenhum barulho ousava sair de