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O exército de um soldado só


Esse ano quero dar os parabéns especiais a um tipo específico de trabalhador, o trabalhador solitário, como eu mesmo.

Nós trabalhadores solitários somos homens e mulheres por conta própria, somos empresas de uma pessoa só, somos autônomos, profissionais liberais, informais, empreendedores, somos milhões se virando, dando um jeito, correndo atrás.

Fazemos bolo, doces, cozinhamos “pra” fora. Dirigimos carros, motos, vans, levamos pessoas e objetos para toda parte. Temos uma lojinha, uma oficina, um salão, um escritório, um bar... Ajuste de roupa, parede pintada, o pneu que furou, a piscina limpa, aula particular, treino, obturação de dente, cálculo da laje, receita do remédio, a petição para o juiz, banho na sua mãe idosa. Cada um faz o que sabe, o que pode, o que dá. Vamos na sua casa se precisar.

Se deu certo você pode até dizer que foi sorte, se deu prejuízo o problema, eu sei, é meu, mas em ambos os casos, o suor e a vontade foram os mesmos. Temos filhos, temos sonhos, temos medos. Não tem salário no quinto dia útil, não tem “ficar doente”, não tem atestado, não tem preguiça, não tem “alguém depois faz”. É toma lá, dá cá. A necessidade acontece todo dia, o perigo é da rotina, a previdência é privada, o seguro maior é a própria prudência.

Somos aqueles que não ganham salário, não ganham hora-extra, não têm férias, sem 13º, não tem final de semana remunerado, nunca ouvimos falar em direito trabalhista. Mesmo assim, pagamos impostos, taxas, contribuições que nunca perguntaram se queríamos pagar. Temos que sustentar o Estado, o município, o país. Pagamos o salário e todos os “direitos”, do servidor público e até o FGTS do trabalhador empregado. O que não está no imposto, está no preço.

Somos mais da metade dos trabalhadores do Brasil. Se juntar quem tem a tal “carteira assinada” com quem é funcionário público, somos mais. Somos donos do nosso nariz e os únicos responsáveis por nossos atos. Não queremos os tais direitos que esses outros trabalhadores têm, Deus me livre. Queremos apenas ser livres, Deus me livre!

Queremos, simplesmente, a tutela da responsabilidade. Assim como para todo direito há uma obrigação correspondente, para toda liberdade corresponde sua responsabilidade. E para isso não precisamos de regulamentos, de leis, de burocracia, de milhares de códigos, normas, decretos. Apenas o justo, óbvio.

Assim, desejo nesse dia que continuemos a crescer e prosperar. Acordando antes, dormindo depois, comendo na hora que dá, quando dá. E o que os outros não vão entender é que é justamente isso que faz a gente ter o orgulho do tamanho que a gente tem.

Nilton Azambuja de Loreto - 01/mai/2020



Comentários

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