Foto: Blog Maurício Resgatando o Passado |
Por causa de um rastro genético primitivo, somos atraídos pela água. Gostamos de ficar do lado dela, de contemplar ou de nos atirar no seu abraço. Quem nunca se sentou na areia e deixou o olhar se perder no mar, ou mesmo numa pequena poça d'água na chuva.
Somos feitos de água. Brincamos feito crianças entre braçadas e mergulhos. Felizes os que moram perto do mar! Ter contato com água é humano; proibir isso é desumano.
E foi um ato desumano que nos furtou a Represa. Uma lei de 1987 mandou que nenhum juizforano usasse a represa para a alegria, exceto alguns, por suposto direito adquirido. Disseram que eu, você e as crianças fazemos mal para a Represa. Ficou decretado que, exceto os alguns, não temos direito algum de ficar perto daquela água!
A Represa Doutor João Penido foi construída em 1934 com a finalidade de servir de reservatório de águas para as pessoas de Juiz de Fora beber. É verdade que queremos água boa, mas podemos mais que isso. Lá era lugar bom de ir, de ficar, de admirar. Tinha restaurante para almoçar, tinha competição de natação, parquinho de diversão. Não tem mal nisso.
Ainda hoje a lei proíbe até nadar, a não ser os alguns que andam de lancha, jet-sky, ou de prancha que dão braçadas perto de suas rampas. Eu acho que tem espaço para toda a gente. Basta um pedacinho de nada. Nada que já não seja nosso mesmo.
Sabemos da importância da água para beber. Creio que já somos maduros o bastante. Somos capazes de ter os cuidados necessários com o ambiente, para usufruir com responsabilidade de um direito que nos mantém humanos. É preciso equilíbrio. Cercar a natureza da gente é proibição exagerada e malvada.
Nessa cidade tão carente de um lugar para nos largar, quem dera ter de volta o velho restaurante, ou meia dúzia de novos nem tão elegantes, uma porção de torresmo e uma faixa de areia para as crianças brincarem e se molharem no verão. Seria o resgate do que é nosso por direito: direito de por os pés na água.
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