Quando criança meu pai me levava com frequência ao Museu Mariano Procópio. Eu olhava com atenção as centenas de peças da coleção. Entre tantas, eu ficava um pouco assustado, mas muito admirado, com a pintura do "Tiradentes Esquartejado", uma imensa tela de 1893 do pintor brasileiro Pedro Américo de Figueiredo e Melo.
Eu ainda não entendia que aquele impressionante quadro, que ilustrava os livros de história sobre a inconfidência mineira, era um ícone do imaginário republicano construindo um herói que legitimava a revolução de 1889. O Tiradentes Esquartejado era o meme pró republicano do século XIX.
Poucos se dão conta que Pedro Américo é tao importante que foi ele que criou duas outras telas impressionamtes, "o grito do Ipiranga" e "A Batalha do Avaí". A mera exposição do Tiradentes Esquartejado faria valer a pena vir à Juiz de Fora, visitar o Museu.
Diga-se de passagem, o Museu Mariano Procópio ostenta (ostentava) possuir a segunda maior coleção de peças do Brasil Imperial, atrás apenas do museu de Petrópolis (RJ).
Bom... Alfredo Ferreira Lage, o fundador do museu, era um homem brilhante. Não sei dizer exatamente como, mas ouvi dizer que o quadro foi adquirido pelo município de Juiz de Fora lá em mil novecentos guaraná com rolha. Meio que se apropriando da peça, o grande Alfredo o levou para o museu... e lá ficou. Graças a ele eu tive o privilégio de ver, rever, ver de novo, ver rapidinho, ver devagar, ver sozinho, ver com muita gente atrapalhando, e toda vez ter a certeza que veria novamente. Cada vez, um até logo, mas...
Anos de reformas que nunca ficam prontas, restaurações que nunca se concluem, dinheiro que nunca basta... Hoje a obra não pode ser vista pelas pessoas. O Museu não tem quase nada exposto, e se não bastasse, fecha nos sábados a domingos. Sim, não é piada, fecha nos fins de semana. Meus filhos nunca a viram. Eu quero o Pedro Américo de volta!
É uma lástima que a cultura esteja cada vez mais relegada ao esquecimento ou ao abandono. Entretanto, há que analisar algumas das razões que levam ao descuido desses bens e dentre elas está a falta de condições financeiras da maioria dos municípios para manterem o patrimônio cultural aos seus cuidados, pois o dinheiro é investido na sustentação da estrutura funcional, nos agregados improdutivos, na malversação ou no mau investimento do dinheiro público.
ResponderExcluirExatamente! Enquanto isso, um patrimônio cultural sendo sonegado a quem realmente pertence.
ExcluirEntre o Museu Mariano Procópio e o de Petrópolis,ainda prefiro o M.M.Procopio.I de Petrópolis,para mim,foi uma decepção.Nao tem quase nada.
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ExcluirSão grandezas diferentes. Mas o Mariano Procópio mora no nosso coraçã.
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